...durante a noite acordei com tempo fresco, frio o bastante para chá quente e moletom. Acordei para alimentar nosso filhote de passarinho. Ontem, sentindo em mim uma estranha histeria sufocante - em parte, creio, por não escrever prosa - contos, meu romance - saí para dar uma volta com Ted, apesar do ambiente denso e úmido. Ele parou sob uma árvore, na rua. Ali, no chão, virado de costas, estendendo as asas magrinhas num esforço desesperado, havia um filhote de passarinho, caíra do ninho e sofria convulsões que pareciam espasmos de moribundo. Fiquei impressionada com seu sofrimento, revoltada. Ted o levou para casa, aninhado nas mãos em concha, enquanto o passarinho nos espiava com seus olhos negros brilhantes. Forramos uma caixa de papelão com um pano de prato e pedaços de papel macio, para tentar imitar um ninho, e o colocamos lá dentro.
O passarinho tremia sem parar. Parecia desequilibrado, naquela posição, de costas. A todo momento esperávamos que seu peitinho magro parasse de arfar. Mas isso não aconteceu. Tentei alimentá-lo com pão molhado no leite, usando um palito de dentes, mas cuspiu tudo, não engoliu. Depois fomos ao centro e compramos carne moída na hora, parecia um monte de minhocas, pensei. Quando subimos a escada o passarinho piou de dar dó e abriu o bico amarelo o mais que pôde, de tal modo que nem se via a cabeça por trás da goela escancarada. Sem hesitar, coloquei um pedaço de carne razoável na boca do passarinho. O bico se fechou em meu dedo, a língua parecia querer sugar meu dedo e a boca abriu-se novamente, vazia. Alimentei-o animadamente, com carne e pão e ele comia com frequência e apetite, dormindo nos intervalos de duas horas entre uma refeição e outra e parecia melhorar a cada momento, comportando-se como um passarinho normal. Mesmo diminuto, era uma manifestação da vida, da sensibilidade e da identidade. Quando eu estiver pronta para ter um filho, será maravilhoso. Mas só no momento certo.
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Sylvia Plath, Os Diários...
Essa postagem é dedicada à Lívia, que tentou cuidar de um passarinho, mas infelizmente ele não resistiu...
ResponderExcluirAh, tentei mesmo... Leo!
ResponderExcluirObrigada por postar a foto do pequeno com os escritos da Sylvia. Cuidar de um filhotinho assim tão frágil é uma experiência que desperta muitos sentidos...
Nossa que triste.
ResponderExcluirFiquei triste com isso.
Mas parabenizo a Lívia que teve esse ato tão belo.
Amiga minha admiração e carinho por ti.
Leo amei tua atitude de postar aqui.
Você é mesmo maravilhoso amado.
Beijinho.
Senti o tremor do filhotinho.
ResponderExcluirLindo, delicado, triste.
Um beijo, Leo.
Leo, passando pra deixar um beijinho.
ResponderExcluir;)
Paulo.
ResponderExcluirPassei para te abraçar e desejar-te um Feliz Natal cheio de luz e bençãos a você e sua família.
Falava hoje que tudo que aprendemos foi na natureza e na natureza está uma ética e uma moral que por mais que tentamos fugir ela nos persegue.
ResponderExcluirAssim existe a fragilidade e a hostilidade
nosso olhar para perceber o mundo é que vai nos mostrando o que descobri
abraços poéticos
Que lindo esta ato que vc fez com esse passarinho, tenho certeza que muitas coisas boas virao, e o passarinho sera eternamente grato,
ResponderExcluiramo atos assim feitos com tanto carinho por uma vida que pra muitos é insignificante...
;)
www.fabianomayrink.com
ps: conte mais pra frente quando o passarinho estive empenado ;)
ResponderExcluirPaz,
ResponderExcluirVisitando alguns blogs me deparei com o seu comentário e me agradei em conhecer seu espaço.
Gostei dos posts. E aqui estou para convidar a também visitar meu blog.
http://frutodoespirito9.blogspot.com/
Se gostar, o convido a seguir-me, e eu retribuirei o carinho.
P.S. Estou indicando o blog de um irmão, que postou algumas mensagens polêmicas para alguns, as mesmas denunciam as calamidades que ocorrem no meio evangélico. Espero que goste!
Acesse e confira:
http://discipulodecristo7.blogspot.com/
Em Cristo,
***Lucy***
Aguardo visita e comentário...
Olá, querida
ResponderExcluirSeu instinto materno se fez sentir...
Bjs de paz e bem